Vamos tentar algo novo
Um monte de gente nova por aqui, obrigado por ter interesse de ler o que escrevo, espero que traga algo útil para vocês. Se quiser entrar em contato é só responder esse email, ou comentar no próprio post online.
Eu sempre fui curioso e desde sempre tento idéias várias, seja por diversão, seja por interesse econômico ou intelectual mesmo, tentei criar capas para iPad quando foi lançado, não deu em nada, criei a primeira revista digital para iPads no Brasil, a Au. que acabou até ganhando um prêmio da Adobe, mas também morreu e não deu em nada, tentei criar apps que adivinhem? Nunca deram em nada 🤷🏻♂️ - Escrevi três e-books, isso mesmo, três, three, trois… estão todos na Amazon, de graça e hoje fico até meio com vergonha do que escrevi. A lista é grande, mas vou poupar vocês 🙂. Mais recentemente me joguei no Podcast, criei o ExPatria e parei quando a pandemia nos trancou em casa.
Hoje começo algo um pouco mais leve, vou colocar três perguntas na frente de Designers (ou porque não, até com profissionais de outras áreas) e compartilhar com vocês aqui no The Design Edition, talvez não em todos os posts, mas de vez em quando. Se você tem curiosidade de saber algo em particular de alguém na nossa área, coloca nos comentários, me manda um email, tweet… Vou tentar entrar em contato e responder as perguntas aqui ok.
Vamos lá, o querido Érico aceitou ser o meu primeiro convidado.
As opiniões do convidado podem divergir das minhas próprias opiniões assim como o convidado não está em maneira nenhuma relacionado com o que eu escrevo nos meus textos.
Trois, Three, Três perguntas para…
Érico Fileno, Head of Innovation and Design na VISA Brasil
Tempo de leitura, de 4 a 5 minutos.
Em um lado temos empresas querendo contratar designers, no outro temos designers procurando emprego, mas nem sempre achando. Por que isso acontece?
Acredito que há um desconhecimento das áreas de Recursos Humanos sobre o que é Design, como ele é aplicado dentro das organizações e com isso dificulta saber selecionar o profissional adequado para a vaga certa - respeitando o momento da carreira do profissional e o atual estágio da cultura de Design dentro da organização. Por outro lado, há uma impaciência e uma "certa agilidade" por subir rápido dentro da profissão, por parte dos designers. Primeiramente, para fazer Design existe uma dedicação de estudo e prática, que os novos entrantes na carreira estão tentando driblar ou pular. O conjunto de prática do Design é extenso e precisa de muito estudo. Não é resolvido em meses, muito menos em semanas. Você não vira profissional de Design da noite para o dia. Essa falta de bagagem em Design tem atrapalhado a entrada de novos entrantes e acaba dificultando a evolução dentro da profissão. O que ocorre nos dias atuais é uma grande demanda por profissionais e isso acaba gerando uma falsa sensação, que há emprego para todos e com ótimos salários. Os bons salários estão surgindo para atrair bons profissionais, que estão empregados em outras organizações. A reposição desses profissionais virá de um trabalho em conjunto entre instituições sérias de ensino de Design e empresas com preparação de jovens profissionais, através de estágios, programas de trainee e treinamentos internos para novos profissionais.
Você tem opiniões bem claras sobre "cursos de Instagram", bootcamps, etc… Qual o problema com esses conteúdos e, existe algo que possa ser feito para diminuir o estrago?
O estrago está sendo grande e acredito que pode ser atenuado. Vale lembrar que é algo que não podemos colocar tudo na conta dos "cursos de Instagram" ou dos "animadores de TikTok". Há outros fatores que ajudam nesse fenômeno: cursos de Design desatualizados, falta de conexão entre universidades e mercado, novos formatos de ensino e aprendizagem, novos comportamentos das novas gerações em consumir conteúdo, aplicação da máxima da teoria da cultura de massa, onde todos teriam seus 15 minutos de fama, com o agravante que agora todos querem ter seus 15s de fama no TikTok e por aí vai. Não é uma análise simples, mas é um fenômeno que estamos vivenciando. Uma característica desse mundo pós-moderno é não conseguirmos delimitar os problemas complexos que envolvem essa situação. Porém, podemos atenuar trazendo profissionais de Design com anos de estrada para compartilhar suas experiências. Sei que há esse choque de gerações, mas tenho sérias dúvidas com pessoas que estão aprendendo Design com pessoas que mal terminaram seus estudos (se é que tiveram algum) e mal possuem experiência na área. Fazer Design não é algo simples - é extremamente complexo! Quem estudou Design sabe que é uma campo do conhecimento e prática que transita entre as ciências humanas e ciências exatas. Design é muito mais do que criar uma tela digital. E mesmo para criar essa tela, precisa de conhecimentos técnicos como composição, linguagem visual, ferramental digital e também precisa conhecer para quem estamos projetando essa tela: precisamos conhecer as pessoas. Por isso, cada vez mais se faz evidente um fortalecimento de um Design centrado no ser humano!
Onde você acha inspiração para o seu trabalho?
Livros! Sei que represento ainda uma geração anterior, mas continuo acreditando na formação de novos profissionais através da universidade e na produção de conhecimento. Eu fiz 5 anos de um curso integral de Design. A carga de estudo e prática trabalhada em um curso como esse não se compara a assistir um vídeo no Youtube ou um Story no Instagram. Além disso, acredito muito na linha sociointeracionista nos processos de ensino-aprendizagem. Design não se aprende ou se pratica sozinho. Há momentos em que você pode se concentrar e trabalhar sozinho, mas você precisa interagir com outros profissionais e precisa se conectar com o problema que está tentando resolver. Por isso acredito muito na cocriação dentro do processo de construção de projetos de Design. Assim, a minha segunda fonte de inspiração são os profissionais que admiro e que procuro me relacionar para conversar, aprender ou trabalhar juntos! A terceira fonte de inspiração está na comunidade e seus eventos. Eventos de Design são grandes momentos para se conectar com a comunidade de Design, aprender com ela e trocar experiências. E quando você se envolve com a comunidade, você acaba se conectando com muita gente interessante.
Obrigado Érico!
Links para seguir e se conectar com o Érico
Gostaram? Enviem sugestões de pessoas que vocês gostariam de ver por aqui.
Até a próxima
Al Lucca