A sala onde as coisas acontecem
A medida que fui escrevendo esse texto eu fui percebendo que o assunto é mais complexo do que eu tinha imaginado, na verdade não sei se consegui explicar bem o que tinha na cabeça, então por favor, sinta-se a vontade de comentar, criticar, etc… vai me ajudar a esclarecer as ideas sobre o assunto.
No musical Hamilton, tem uma música com o título “The Room Where It Happens” ou “A sala onde as coisas acontecem”. Se refere ao desejo de ter acesso a importantes decisões políticas tomadas em segredo ou em um pequeno grupo de pessoas, essencialmente querendo “estar na sala” onde dinâmicas significativas de poder e acordos são estabelecidos, simboliza o desejo por influência e “não estar na sala” significa uma sensação de ser excluído de discussões críticas.
Mas o ponto que quero enfatizar hoje é a diferença do "estar na sala" com um popular termo entre nós, o famoso "ter um lugar na mesa" (a seat at the table). A primeira diferença está no significado: “estar na sala” é dinâmico e espontâneo, as vezes pré-planejado, as vezes não. Já "ter um lugar" sugere algo que foi planejado, organizado, com um espaço reservado para alguém.
A diferença entre essas duas situações é grande.
É natural que o CEO de uma empresa gaste muito mais tempo com as áreas que envolvem as economias do negócio, Revenue, Finanças, Pessoas… é também muito comum que essas mesmas pessoas se encontrem mais, e não somente nos ambientes do escritório, mas em eventos, reuniões com parceiros, clientes, conferências, jantares, é simplesmente como o mundo dos “deals” funciona. Eles estão na sala onde as coisas acontecem, muitas vezes porque tudo foi organizado para que estivessem lá, e outras vezes porque simplesmente estavam lá. Se você não esta na sala:
Isso não quer dizer que a tua disciplina não foi considerada;
Isso não quer dizer que você foi excluído intencionalmente;
Isso não quer dizer que você só vai executar uma decisão já tomada;
O cargo dessas pessoas naturalmente as coloca nas salas onde as coisas acontecem. Já na área de design, sendo realista, é mais raro estar nessas situações. Mesmo que você tenha um cargo executivo, mesmo que você, ou o time, represente a empresa super bem, mesmo que participe de eventos (conferencias, jantares, etc…), ainda não significa que você está na sala, porque os outcomes dessas situações, não são “deals”. Não estou diminuindo o design, mas acredito que essa situação está muito ligada as conversas sobre o "designer estratégico” - o fato de você não estar no jantar definindo os rumos da próxima rodada de investimento por exemplo, não diminui em nada a influência e o impacto que você tem, SE você souber como se movimentar e entender que sua contribuição acontece em outros momentos (no teu lugar na mesa).
No final das contas, não necessariamente precisamos estar em todas as salas onde decisões são tomadas, mas sim de entender o nosso papel e maximizar nosso impacto nos espaços onde temos influência real. É muito mais produtivo focar em construir credibilidade através do seu trabalho e criar conexões significativas dentro da sua esfera de atuação, do que ficar ansioso por não estar em determinadas conversas. Afinal, as grandes mudanças e inovações raramente acontecem em uma única sala ou reunião - elas são resultado de um trabalho consistente, de relacionamentos bem construídos e da capacidade de influenciar positivamente, independente de onde você esteja sentado.
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